Jornalismo Desportivo no Feminino
Numa área estereotipada e predominantemente masculina, hoje começa a ser visível a existência de várias mulheres no jornalismo, uma profissão onde só após o 25 de Abril se tornou normal a sua presença. Cláudia Lopes, Laura Santos e Rita Mendonça são unânimes, a mulher trouxe ao jornalismo desportivo uma nova forma de ver e de estar no desporto.
Pilar de Carvalho, Helena Sousa e Silva, Natália Oliveira, Cecília Carmo e Laura Santos são para alguns apenas nomes, mas para o jornalismo desportivo marcam o início da presença das mulheres nesta profissão.
Nos Estados Unidos da América, Jane Chastain, Donna de Varona e Jeannie Morris são as pioneiras no jornalismo desportivo. Jane Chastain tornou-se a primeira mulher comentadora numa das principais estações televisivas norte-americanas, a CBS. Chastain é ainda considerada a primeira mulher a relatar um jogo em direto. Com apenas 18 anos, em 1965, Donna de Varona, nadadora olímpica, assinou um contracto com a ABC que a tornou numa das primeiras jornalistas desportivos. Jeannie Morris é reconhecida pela cobertura do jogo da NFL Minnesota Vikings vs. Chicago Bears na década de 70, por, devido à condição de ser mulher, ter sido obrigada a cobrir o jogo na rua sob uma forte tempestade. Mais tarde, as mulheres alcançaram o direito a cobrir eventos desportivos no espaço reservado para a comunicação social, no mesmo local que os homens. Durante as décadas de 60 e 70, os Estados Unidos da América assistiram à evolução do papel da mulher no jornalismo desportivo. Se até então já eram aceites em outras áreas da profissão, após este período a presença feminina no meio desportivo passou a fazer parte do quotidiano americano.
A mulher no jornalismo em Portugal
Em Portugal, os anos 60 e 70, ao contrário dos Estados Unidos da América, não trouxeram a inclusão da mulher no jornalismo desportivo, mas sim no jornalismo.
Em pleno Estado Novo, a mulher tinha um papel tradicional na sociedade como mãe, dona de casa e dependente do seu marido. Relegada para um plano secundário na família e na sociedade, a mulher não tinha direito ao voto nem a sair do país sem autorização do marido. Perante todas estas limitações, como concluem os jornalistas Fernando Correia e Carla Baptista na investigação Anos 60: um período de viragem no jornalismo português, nesta época “vigorava um código de conduta extremamente masculinizado”, e, apesar de passarem a figurar mais jovens nas redações, o número de mulheres aumentava “de forma lenta e limitada”. Enquanto em 1960 existiam 10 mulheres sindicalizadas, 2% de todos os profissionais, segundo dados do Sindicato dos Jornalistas, em 1980 eram já 190 mulheres, o que corresponde a um aumento de 8% em vinte anos. Já em 2005, dos 156 novos associados, 90 eram mulheres.
Read more of this post